quarta-feira, 4 de janeiro de 2012


O Camarada Edson Costa, nos envia um texto de sua autoria. O camarada Edson é jornalista e escritor.

FOGO NA INTENDÊNCIA

*Edson Costa
No dia 19 de fevereiro passado, lembro bem, a noite foi marcada por um sonho. Parecia
realidade. Os sonhos, na Antiguidade, eram considerados premonitórios. Incrível como
os sonhos mexem com o nosso imaginário, por vezes passando perto do real. Vinha
caminhando e de longe avistei fumaça. Muita fumaça. Comecei a olhar para cima e
caminhar rapidamente, aproximando-me da densa nuvem de fumaça. Tudo indicava ser
um incêndio. Fui caminhando, até chegar à esquina de uma praça grande. Olhei para o
lado e vi uma estátua. Era estranho, parecia Jesus Cristo com o cabelo bem batido. De
repente surgiu um caminhão dos bombeiros e com a sirene aberta. Caminhei mais um
pouco e vi um prédio em chamas. Muita fumaça, agitação e correria. Barulho de
madeira estalando no fogo, vidros estilhaçados, material de construção caindo. Uma
cena chocante. Fiquei assustado vendo tudo aquilo. Lembro ainda ter olhado na direção
do fogo e com os olhos ardendo e lacrimejando, de relance, deu para ver que se tratava
de um bonito e antigo prédio, talvez de estilo neoclássico. Era uma cena estranha e
assustadora. Alguns tentavam chegar mais perto. Os homens do fogo afastavam as
pessoas. Corri para o lado oposto. Ali também tinha outra praça bonita, com um
monumento imponente e um homem em pé, bem grandão. Perguntei então a um idoso
que se escorava em uma árvore o que estava acontecendo? Hesitando, começou a falar
frases soltas e a gesticular, visivelmente nervoso. Dizia apenas, em tom baixo de voz,
que tinham botado fogo na intendência. Algo estranho acontecia ali. Fiquei mais
confuso por não saber o que significava intendência. Os bombeiros foram lançar água.
O jato não saia com pressão suficiente. Parecia, em meio à fumaça, que até a mangueira
estava furada. O sonho foi muito agitado. De repente chegou um outro caminhão, este
mais velho, aparentemente. O canhão de água tinha um jato forte. Mas aí já era tarde. O
fogo havia destruído grande parte do prédio que parecia ser imponente. Muita confusão
no local. Insistindo, perguntei ao idoso, que continuava encostado na árvore, quem era o
responsável pelo prédio. Disse-me que ele nem estava presente. Achei tudo muito
estranho, e o homem também estava horrorizado com o que acontecia. De repente
apareceu, gesticulando muito, um outro homem, bem mais moreno, com voz grave, e
começou a gritar. “Botaram fogo na intendência, botaram fogo na intendência!” Eu
nada sabia sobre a tal intendência. Quando o homem parou de gritar, perguntei: afinal,
quem mandou tocar fogo no prédio? Quando o homem engatilhou a resposta, o
despertar do relógio interrompeu o sono e o intrigante sonho sobre as chamas na tal
intendência.             
                                                                                                       *Jornalista

Nenhum comentário:

Postar um comentário