quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Homenagem ao Gal. Golbery causa indignação no país

Obs: Este post foi atualizado para a inserção de uma foto de capa do Jornal "A tribuna da luta operária" de Agosto de 1981. Que mostra a verdadeira postura do Gen. Golbery

Nos últimos dias, mais uma vez, a nossa cidade tornou-se notícia em
sites, blogs e jornais de todo o País, mas o motivo dessa vez não
foram os investimentos no pólo naval, nem a construção do Oceanário
Brasil, nem o Porto do Rio Grande que é um dos maiores da América do
Sul, nem mesmo a Praia do Cassino tido como a maior praia do mundo em
extensão e nem tão pouco, o Esporte Clube Rio Grande, o clube de
futebol mais antigo do Brasil, motivos esses anteriormente citados,
que nos encheriam de orgulho.

Infelizmente dessa vez o motivo é vergonhoso e revoltante, no último
dia 21 a Prefeitura Municipal de Rio Grande realizou o lançamento da
pedra fundamental para a construção de um monumento em homenagem a
General Golbery do Couto e Silva, o local escolhido é na Praça
Tamandaré próximo ao Monumento do Herói Farroupilha General Bento
Gonçalves. Tal homenagem a essa figura nefasta da história brasileira
gerou protestos e indignação de cidadãos rio-grandinos, gaúchos e
brasileiros.

O projeto de lei que dispõe sobre o recebimento, em doação, do busto
do Gen, Golbery do Couto e Silva foi aprovada na Câmara de Vereadores,
com 6 votos favoráveis (Renato Albuquerque, Giovani Morales,
Thiaguinho, Repolhinho, Lu Compiani e Kanelão) e 2 contrários (Júlio
Martins e Spotorno). Logo após, sancionada pelo prefeito Fábio Branco
a lei recebeu o numero 6.835 de 31 de dezembro de 2009.
Procurado pelo jornal Folha de São Paulo o prefeito Fábio Branco
afirmou que o monumento é apenas um reconhecimento a quem ajudou a
cidade com obras e com a federalização da universidade local, e deu
uma declaração lamentável:

"Não vou entrar no mérito de se ele era da ditadura ou não. Eu não era
nem nascido", afirmou Fábio Branco, 39 anos .




Um fato muito interessante nesse assunto e que nos chamou a atenção
foi, quem seria o doador do busto do Gen. Golbery e o que motivaria
tal homenagem? Descobrimos que o doador é o, também, rio-grandino
Ronald Levinsohn, nascido em 1939.

Levinsohn era o dono do antigo conglomerado financeiro Delfin,
responsável pelo maior escândalo financeiro da época da ditadura
militar. A época, a Delfin era a maior empresa privada de poupança do
país, tinha mais de três milhões de depositantes, em 83 agências
espalhadas no país até sofrer intervenção do Banco Central em 1983.
Atualmente, o empresário tem negócios nas áreas de construção civil,
agricultura e um escritório de advocacia. Também é proprietário de
várias fazendas na Bahia, sendo considerado o maior plantador de soja
do oeste baiano. É fundador da terceira maior universidade privada do
Rio de Janeiro, o Centro Universitário da Cidade – UniverCidade, que
conta com 35 mil alunos.

Quem foi Golbery do Couto e Silva


Golbery do Couto e Silva, nasceu em Rio Grande no dia 21 de agosto de
1911 e estudou na Escola Lemos Junior. Em 1927, ingressou na Escola
Militar do Realengo no Rio de Janeiro. Em maio de 1937, Golbery foi
promovido ao posto de capitão e passou a servir na secretaria geral do
Conselho de Segurança Nacional. No mês de dezembro de 1941, iniciou
seus estudos na Escola de Estado-Maior do Exército. Formou-se em
agosto de 1943. No mesmo ano foi servir no Rio Grande do Sul, sua
terra natal. Lá atuou no estado-maior da 3ª Região Militar (3ª RM),
sediada em Porto Alegre. Em 1944, foi para os Estados Unidos estagiar
na famosa escola militar Fort Leavenworth War School. Após o estágio,
foi enviado para servir na Força Expedicionária Brasileira (FEB) como
oficial de inteligência estratégica e informações. Cargo que ocupou
até o final da Segunda Guerra Mundial.

Durante sua carreira militar Golbery foi reconhecidamente um dos
maiores articulistas e golpistas do Brasil, tendo sido responsável
direto por inúmeras conspirações contra governos democraticamente
eleitos, desde o início da década de 50 até o golpe militar de 64
quando as forças armadas tomaram o poder através de um golpe e
governaram por 21 anos, na mais cruel e duradoura repressão que o
nosso País viveu.

Golbery foi o redator em fevereiro de 1954 do "Memorial dos coronéis"
e do "Manifesto dos generais" em agosto de 1954, documentos que
precipitaram a crise política que culminou no suicídio de Getúlio
Vargas. Em outubro de 1954, novas conferências: "Planejamento e a
Segurança Nacional". Nelas desenvolveu os conceitos de "guerra
subversiva" e "guerra total". Defendeu a idéia de uma Política de
Segurança Nacional planejada que decidiria o momento e a forma por que
o governo declararia guerra a parte do seu povo. Iniciava-se a
codificação da Doutrina de Segurança Nacional, por volta de 1953. Em
1956, o Coronel Golbery foi para o Estado-Maior do Exército e conheceu
Geisel e Figueiredo, uma das trindades mais importantes do regime
militar. Em fevereiro de 1961, assumiu a Secretaria-Geral do CSN e o
controle do Serviço Federal de Informação e Contra-Informação, base do
futuro Serviço Nacional de Informações (SNI).

Foi um dos principais articuladores do golpe militar de 1964 e braço
direito do primeiro presidente do Regime Militar, o Marechal Castelo
Branco. Foi um dos teóricos da doutrina de segurança nacional, que era
uma mescla das idéias do Estado Novo com as novas "apostilas
americanas", elaborada nos anos 50 pela Escola Superior de Guerra essa
doutrina se tornou a justificativa ideológica das práticas
autoritárias dos governos militares, logo após o golpe militar
idealizou e chefiou o Serviço Nacional de Informações e foi o
principal indicador das cassações feitas pelo governo.

Abaixo assinado contra o monumento em homenagem ao Gal. Golbery do Couto e Silva

Marcos Branco

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